Coordenação Motora Bilateral e sua Importância para a Aprendizagem

A coordenação bilateral refere-se à capacidade de coordenar os dois lados do corpo ao mesmo tempo de forma controlada e organizada, por exemplo, estabilizar o papel com uma mão enquanto escreve ou corta um papel com a outra.

É preciso ter coordenação bilateral em todas as partes do corpo, como as pernas para andar ou os olhos para ver.

Quando falamos de habilidades motoras finas, focamos mais na extremidade superior bilateral, ou ambos os braços, mãos e tronco trabalhando juntos de forma coordenada.

Uma boa integração e coordenação bilateral é um indicador de que ambos os lados do cérebro estão se comunicando de forma eficaz e compartilhando informações.

As crianças que têm dificuldade em coordenar ambos os lados do corpo podem ter dificuldade em completar tarefas da vida diária, como vestir uma camiseta, abotoar, amarrar os cadarços, que são as atividades motoras finas, ou nas tarefas motoras visuais, como arremessar, pegar uma bola, cortar, escrever, desenhar, ou ainda, podem ter dificuldades nas tarefas motoras grossas, como engatinhar, caminhar, subir escadas, andar de bicicletas, etc. From article: The Importance of Bilateral Integration in Clinic Complete Eye Care, Belmont, EUA.

O Instituto Neurosaber, em artigo publicado no dia 26 de julho/2022, expôs que, depois de um certo tempo, a criança começa a demonstrar preferência em usar a mão esquerda ou direita, como também o pé esquerdo ou direito. O que será determinante para a escrita e a prática de esportes, por exemplo. Isto vai determinar se a criança vai usar predominantemente uma das mãos ou dos pés.

Contudo, como os seres humanos possuem dois lados do corpo, algumas ações exigem o uso dos dois lados simultaneamente ou em harmonia. Logo, o que chamamos de coordenação bilateral pode ser definido como a habilidade de usar os dois lados do corpo de forma organizada e coordenada.  

A criança que possui uma boa coordenação bilateral consegue harmonizar o uso dos dois lados do corpo através das mãos, braços, pés, pernas, olhos e até mesmo ativar os dois hemisférios cerebrais, hemisfério direito e esquerdo, ao mesmo tempo.

De forma estratégica, algumas tarefas escolares, especialmente na educação infantil, exigem que a criança tenha um bom desempenho usando os dois lados do corpo.

As crianças que apresentam um certo déficit das habilidades de coordenação bilateral, normalmente, são resistentes em usar apenas uma mão em situações que deveriam usar as duas mãos de forma coordenada.

Por exemplo, quando vamos escrever em uma folha de papel, geralmente usa-se uma das mãos para segurar o lápis, pela mão dominante, e a outra mão serve de apoio em cima do papel, além de estabilizar o papel para escrever.  

Crianças com atraso no desenvolvimento não utilizam a mão de apoio e isso dificulta a realização da atividade e o papel não fica fixo no lugar certo, pois a coordenação bilateral está prejudicada.

Além do mais, várias atividades diárias precisam da coordenação motora bilateral para serem feitas de forma satisfatória, como: fechar os botões da camisa, comer de garfo e faca, amarrar o cadarço, entre outras.

Para a integração bilateral acontecer de modo efetivo, a criança deve ter estímulos sensoriais e motores desde os primeiros meses e anos de vida, dessa forma o cérebro desenvolve gradativamente as habilidades de coordenação bilateral. Instituto Neurosaber, Artigos Destaques.

Segundo artigo publicado por Clinic Complete Eye Care, “Cruzar a linha média” é uma habilidade integral relacionada à coordenação bilateral. Refere-se à capacidade da criança de cruzar, espontaneamente, a linha média do corpo durante as tarefas funcionais.

Mover uma mão, pé ou olho para o espaço da outra mão, pé ou olho, por exemplo, sentar com as pernas cruzadas, coçar o ombro ou cotovelo oposto, cruzar linhas com sucesso para desenhar uma cruz sem trocar de mãos, ler da esquerda para a direita.

Bebês e crianças pequenas podem usar as duas mãos igualmente e começar a pegar ou interagir com um objeto com a mão que estiver mais próxima. Ou seja, se o item estiver no lado esquerdo da mesa, ele provavelmente usará a mão esquerda, se o objeto estiver no lado direito, ele provavelmente usará a mão direita.

No entanto, por volta dos 3 a 4 anos de idade uma criança deve ter dominado a habilidade de cruzar a linha média. Estabelecer a dominância da mão, uma mão trabalhadora e uma mão auxiliar, é um indicador de que o cérebro está amadurecendo e a lateralização está ocorrendo.

Isso está fortemente correlacionado com a capacidade de cruzar a linha média. A criança que evita o cruzamento da linha média pode ter dificuldade em coordenar ambos os lados do corpo, muitas vezes tem dificuldade em estabelecer o domínio das mãos e tende a alternar o uso das mãos ao colorir, escrever, comer, jogar, etc.

A leitura bem-sucedida depende da capacidade de cruzar a linha média.

Ao ler, os olhos de uma criança devem seguir ao longo de todo o comprimento horizontal da página antes de passar para a próxima linha.

Sem uma integração bilateral bem desenvolvida, uma criança provavelmente lerá as primeiras palavras em uma página e depois fará uma pausa.

Após pensar por um momento, ela pode continuar a ler a segunda metade da página. Essa pausa ocorre porque a criança não conseguiu cruzar, instintivamente, a linha média, então precisou fazer uma pausa para mover deliberadamente os olhos para a próxima palavra para retomar a leitura. From article: The Importance of Bilateral Integration – Clinic Complete Eye Care, Belmont, EUA.

Importância no Desenvolvimento da Leitura e Escrita

O cérebro é dividido em dois hemisférios.

De regra, um lado do cérebro é mais dominante em relação ao outro para executar determinadas ações.

A dominância de um dos lados do cérebro é chamada de lateralidade ou dominância lateral.  

Desse modo, o Cérebro trabalha em conjunto com a coordenação bilateral para aplicar as funções de leitura e escrita.

Assim, a coordenação bilateral é um dos pré-requisitos para o desenvolvimento da leitura e escrita, além de outras habilidades, como o pensamento crítico e a criatividade. Instituto Neurosaber, Artigos Destaques.

O Prof. Dr. Francisco Rosa Neto, coordenador do Laboratório do Desenvolvimento Humano, da Universidade do Estado de Santa Catarina, e seus colegas, descrevem em artigo que, especificamente, o hemisfério esquerdo do cérebro controla o lado direito do corpo, enquanto que o hemisfério direito controla o lado esquerdo, nesse sentido a especialização hemisférica dessas funções é fundamental para a eficiência dos processos cerebrais.

Assim, cada um dos hemisférios está preparado para realizar operações muito precisas e complexas, que irão possibilitar a execução de funções como a elaboração de praxias, a fala, a escrita e o pensamento cognitivo que, por sua vez, estão dependentes da sua capacidade de cooperar e trabalhar conjuntamente.

Para tal, é fundamental que a integração bilateral do corpo esteja estruturada e automatizada, caso contrário, a aprendizagem e o comportamento estarão comprometidos, pois a qualidade das relações e interações entre as várias unidades funcionais do cérebro estarão comprometidas.

Em uma pesquisa realizada com crianças em idade escolar, foi observado que as que possuíam preferência manual discordante, ou lateralidade cruzada, apresentavam desempenho inferior em testes de leitura e matemática, em comparação às crianças que apresentavam preferência lateral definida, ou seja, com coordenação motora bilateral.

Para Dra. Marilena Ochini Siviero et al., crianças com problemas como a dislexia, frequentemente apresentam lateralidade cruzada.

Atualmente tem se verificado que há uma estreita relação entre o que a criança é capaz de aprender (cognitivo), com o que é capaz de realizar (motor).

A lateralidade é uma das variáveis do desenvolvimento psicomotor, e também um dos aspectos relevantes das capacidades de aprendizagem. Revista CEFAC – SciELO – Scientific Electronic Library – setembro/2013.

Segundo o Dr. Francisco, a dominância lateral cruzada pode ser considerada como causa de certos desequilíbrios e de perturbações.

Se o olho e a mão, por exemplo, são de dominâncias inversas, ou seja, dominância direita para as mãos e esquerda para os olhos, podem surgir dificuldades na aprendizagem da leitura.

Do mesmo modo, dificuldades de aprendizagem podem ser consequência de transtornos de lateralidade associados a distúrbios na organização espacial.

A dominância à direita é mais fortemente estabelecida que à esquerda. Quando comparadas as preferências de mão, pé e olho, verificou-se que os indivíduos manualmente destros têm maior incidência de dominância lateral homogênea, sendo assim destros também no olho e no pé. Revista CEFAC – SciELO – Scientific Electronic Library – setembro/2013.

A cognição espacial, incluindo a organização, corresponde à capacidade de um indivíduo, criança ou adulto, de perceber as relações espaciais entre os objetos bem como de lidar com as noções de profundidade, solidez e distância.

Essa capacidade cognitiva está intimamente correlacionada com a percepção espacial, a qual pode ser entendida como o resultado final da organização e integração de diversos estímulos sensoriais de maneira a fornecer à consciência um panorama geral acerca das formas do meio externo entre si e suas relações espaciais. Prof. Dr. Tobias Alécio Mattei – Universidade de São Paulo – Revista Neurociências – Unifesp.

Outro fundamento importante no desenvolvimento da coordenação bilateral é a consciência corporal.

A consciência corporal refere-se à capacidade de saber onde seu corpo está no espaço sem necessariamente usar a visão, ou seja, quão alto levantar a perna ao subir escadas, envolve propriocepção, que é o feedback das sensações musculares e articulares.

As crianças que não têm consciência corporal adequada podem parecer um pouco desajeitadas, ser cautelosas com o movimento ou ter medo de ficar com os pés fora do chão (jogar no ar, balançar, etc.), ou até ser muito rudes com colegas.

Posteriormente, as crianças que não têm uma boa noção de onde estão seus corpos, e ou partes do corpo, no espaço podem apresentar dificuldade em coordenar ambos os lados do corpo para completar tarefas bilaterais, por exemplo, calçar meias e sapatos, arremessar e ou pegar uma bola grande com as duas mãos. Child´s Play Therapy Center – ago/2014 – Bilateral Coordination and Why is it Important.

Coordenação Bilateral e suas Fases

  1. Coordenação bilateral simétrica:  acontece no momento em que a criança está desenvolvendo os movimentos simétricos. Nessa etapa, os lados do corpo se movem de maneira igual, no mesmo sentido e instante. Isso pode ser percebido por meio de simples ações, bater palmas ou balançar ambas as pernas ao mesmo tempo. Com o crescimento e desenvolvimento da criança, a coordenação bilateral simétrica é vista em brincadeiras que precisam dessa habilidade, como pular corda e estourar bolhas de sabão com as duas mãos.
  2. Coordenação bilateral assimétrica: é percebida no momento em que cada lado do corpo é capaz de realizar separadamente ações diferentes, porém os dois lados atuam em conjunto para realizar uma tarefa. A partir dessa fase, o cérebro organiza e aplica informações distintas, com isso a criança usa diversas habilidades, como por exemplo: riscar ou pintar no papel segurando o lápis com uma das mãos enquanto a outra mão serve de apoio para segurar o papel e fechar o botão da camisa. Logo, a mão dominante realiza a ação principal e a outra mão serve de apoio.
  3. Desenvolvimento bilateral para funções acadêmicas:  se caracteriza pelo acúmulo das fases antecedentes para o desempenho de ações mais complexas. As crianças que não demonstram consistência na execução das habilidades dessa fase, provavelmente não obtiveram uma integração satisfatória das fases do desenvolvimento. Ações acadêmicas, como alfabetização, escrita, e mesmo a autonomia da fala, possuem a habilidade de coordenação bilateral como pré-requisito.
  4. Coordenação bilateral recíproca: um lado do corpo realiza o movimento oposto ao outro lado, porém, de forma harmônica. Por exemplo: balançar um braço para frente e o oposto para trás ao caminhar, subir os degraus de uma escada, pular amarelinha, nadar, entre outros.
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