Leitura, gênese da aprendizagem.

A leitura é essencial para o desenvolvimento do intelecto humano, capacitando-o a refletir sobre a realidade que o cerca.  

A leitura, no seu sentido geral, amplia o conhecimento humano, enriquece o vocabulário, desenvolve a imaginação, o senso crítico, enfim, é a base para o aprendizado e para a compreensão da ciência e da cultura humana.

Na história sempre houve uma preocupação com a leitura e, também, com a escrita.

Etimologicamente, ler vem do latim lego/legere, que significa recolher, apanhar, captar com os olhos.

Para Mário Quintana, a leitura dá a vantagem de a pessoa poder estar só e ao mesmo tempo acompanhada.

Já para Voltaire, a leitura engrandece a alma.

Winston Churchill dizia que é bom ter livros de citações. “Gravadas na memória, elas inspiram-nos bons pensamentos”.

O minidicionário Aurélio define a leitura como “percorrer com a vista, o que está escrito, proferindo ou não as palavras, mas conhecendo-as e interpretando-as, decifrar e interpretar o sentido, perceber sinais, mensagens” (PHC Ferreira, 2008).

O engenheiro e escritor, Roberto Motta, descreve o ato da leitura assim:

“quando você lê um bom livro, é como se você escutasse o pensamento de outra pessoa. Não é só o conteúdo que importa, mas também a forma da escrita, as estruturas de linguagem utilizadas para articular pensamentos, sentimentos e impressões sobre o mundo que nos cerca. Quando você lê um bom livro, você não aumenta só seu vocabulário; você aumenta também o seu arsenal de ferramentas usadas para articular, expressar e explicar aos outros a realidade que você percebe.

Isso é incrivelmente importante.

Tudo o que pensamos, nós pensamos em palavras.

Escute seus pensamentos por alguns minutos: você está falando alto com você mesmo.

Nossos sentimentos e ações são primeiro expressos em palavras, antes que se tornem realidade.

O que nós não conseguimos articular, nós não conseguimos entender.

O que nós não conseguimos articular, nós não conseguimos criar.

As palavras são o principal veículo do autoconhecimento.

Além disso, a literatura, a boa literatura, nos dá uma janela para a experiência de vida dos outros.

Ela nos permite desenvolver o que se chama de imaginação moral, a capacidade de compreender experiências vividas por terceiros sem que nós tenhamos, um dia, vivido essas mesmas experiências.

Por isso é importante ler também literatura de ficção, contos e romances.

Um bom romance é sempre criado a partir de fatias da realidade e da experiência do seu autor.

A boa literatura funciona, ao mesmo tempo, como um espelho da nossa experiência e como um tutor, um guia que nos leva por caminhos que, na nossa própria experiência e rotina, nós nunca iríamos percorrer.

Por tudo isso, ler é uma experiência completamente diferente de assistir a um filme ou ouvir um podcast.

A atividade de leitura exercita e desenvolve a construção de estruturas lógicas de pensamento que permaneceram depois que o conteúdo da leitura, que a narrativa, já tiver sumido de nossa memória.

Ler é muito mais do que acompanhar uma história ou uma descrição de fatos ou argumentos.

Ler é exercitar as funções cognitivas mais importantes para o nosso desenvolvimento intelectual, social e emocional.

Gostar de ler é uma dádiva, mas é um gosto que pode ser desenvolvido.

Leia mais. Leia muito. Leia sempre.” – Extraído do Boletim Oficial de Roberto Motta – Edição 39.

Segundo Regina Zilberman (1993), professora da PUC-RS, a universalidade do ato de ler provém do fato de que todo o indivíduo está intrinsecamente capacitado a ele, a partir de estímulos da sociedade e da vigência de códigos que são transmitidos, preferencialmente, através de um alfabeto.

Um estudo da CBL, Câmara Brasileira do Livro, base 2019, indica que 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro.

Enquanto na França se lê em média 21 livros per capta, no Brasil a média é de 2,43 livros por pessoa, com leitura integral.

No Brasil, a leitura fica em 10º lugar na preferência de atividades de lazer, atrás de assistir TV, ouvir música, acessar a internet, entre outros.

Vitor Tavares, presidente da CBL, vê nas “desigualdades econômicas e estruturais, somadas a falta de políticas permanentes e eficientes para o incentivo à leitura” a explicação para esse baixo desempenho.

É preciso uma política mais consistente e a implantação do Plano Nacional de Leitura, que ainda não foi regulamentado.

No Exame do PISA 2018, especificamente de linguagem, aplicado nos países da OCDE, incluindo o Brasil, Argentina, China, Índia, Indonésia, Rússia, Arábia Saudita e África do Sul, os alunos brasileiros fizeram, em média, 413 pontos em leitura, colocando o Brasil na 54º colocação no ranking.

Para efeitos comparativos, a China, que encabeça essa lista, pontuou 555 nesse quesito, a média da OCDE foi de 487 pontos, demonstrando que o Brasil se manteve estagnado na última década. Education at Glance Report.

Segundo Andreas Schleicher, diretor de educação da entidade, a habilidade de leitura é definida pela OCDE como a “capacidade de entender, usar e refletir sobre textos escritos de modo a conquistar objetivos, desenvolver conhecimento e potencial, e participar da sociedade”.

Neste quesito, apenas um terço (33%) dos estudantes brasileiros havia sido capaz de distinguir fatos de opiniões em uma das perguntas aplicadas no exame.

Em relatório divulgado em maio de 2021, Schleicher mostra que a familiaridade dos adolescentes atuais com a tecnologia, que faz deles nativos digitais, não os torna automaticamente habilitados para compreender, distinguir e usar de modo eficiente o conhecimento disponível na net. 

Pelo contrário, os dados sugerem que eles são, em grande parte, incapazes de compreender nuances ou ambiguidades em textos online, localizar materiais confiáveis em buscas ou em conteúdo de e-mails e redes sociais ou avaliar a credibilidade de fontes de informação.

As habilidades de navegação foram consideradas altamente eficientes para apenas 15% dos estudantes no Brasil.

Para Schleicher, isto reflete a deficiência crônica dos nossos estudantes em relação à capacidade de LER e INTERPRETAR textos, mesmo quando a linguagem é simples.

Andreas Schleicher avalia que, as consequências disso são profundas para a inserção no mundo do trabalho e para o exercício da cidadania, uma vez que pessoas que não sejam capazes de compreender textos plenamente estarão, em tese, menos aptas para ocupar empregos de alta complexidade e, ao mesmo tempo, serão presas mais fáceis para o ambiente de desinformação que prospera na internet e nas redes sociais.

Um outro detalhe que chamou a atenção, segundo Schleicher, na pesquisa realizada, estudantes que disseram ler livros com mais frequência em papel do que nos meios digitais tiveram melhores resultados em leitura em todos os países. 

Embora a leitura esteja mais fragmentada e migrando cada vez mais para o ambiente virtual, o relatório da OCDE mostra que a função dos livros e dos textos aprofundados continua sendo primordial.  

Além disso, esses jovens também relataram ter mais prazer com a leitura.

Na mesma linha, a leitura de livros de ficção e de textos longos também está positivamente associada a um melhor desempenho em leitura na maioria dos países avaliados.

O Brasil perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.

De 2015 para 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%.

Já os não leitores, ou seja, brasileiros com mais de 5 anos que não leram nenhum livro, nem mesmo em parte, representam 48% da população, o equivalente a cerca de 93 milhões considerando um total de 193 milhões de brasileiros.

As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior, passando de 82% em 2015 para 68% em 2019.

Na classe A, o percentual de leitores passou de 76% para 67%.

O estudo mostra que 82% dos leitores gostariam de ter lido mais.

Quase a metade (47%) diz que não o fez por falta de tempo.

Entre os não leitores, 34% alegaram falta de tempo e 28% disseram que não leram porque não gostam.

Esse percentual é 5% entre os leitores. 

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Zoara Failla, a internet e as redes sociais são razões para a queda no percentual de leitores, sobretudo entre as camadas mais ricas e com ensino superior.

A internet e o WhatsApp ganharam espaço entre as atividades preferidas no tempo livre entre todos os entrevistados, leitores e não leitores.

Em 2015, ao todo, 47% disseram usar a internet no tempo livre. Esse percentual aumentou para 66% em 2019. Já o uso do WhatsApp passou de 43% para 62%. 

A pesquisa mostra ainda uma série de dificuldades de leitura.

Entre os entrevistados, 4% disseram não saber ler, outros 19% disseram ler muito devagar, 13% não ter concentração suficiente para ler, e 9% afirmaram não compreender a maior parte do que leem.

Um dos fatores que influencia a leitura, de acordo com o estudo, é o incentivo de outras pessoas.

Um a cada três entrevistados, o equivalente a 34%, disse que alguém os estimulou a gostar de ler.

Os professores aparecem em primeiro lugar, apontados por 11%.

Em segundo lugar está a mãe ou responsável do sexo feminino, apontado por 8%, e, em seguida, está o pai, responsável do sexo masculino ou algum outro parente apontado por 4%.

Na visão de zoara, “é fundamental investir na formação desse mediador. O professor, mediador de leitura, o bibliotecário que também assume de alguma forma esse papel.”.

Para Zoara, a escola tem um papel fundamental neste processo.

A autora de Leitura e Escrita na Era Digital, Cleide J. M. Pareja, 2013, afirma que o desenvolvimento do leitor depende de cinco habilidades cognitivas:

Compreensão: é a primeira leitura, quando se identifica o tema, a tese, busca-se o significado no dicionário para a palavra desconhecida, ou seja, é a decodificação do texto.

Análise: é quando se busca compreender as ideias contidas em cada segmento do texto, percebendo que o todo é composto de partes que se relacionam entre si.

Síntese: é quando somos capazes de reconstituir o todo decomposto anteriormente atendo-nos às ideias essenciais, do ponto de vista do original, não nos importando com a sequência ofertada pelo autor.

Avaliação: é a capacidade de emitir um juízo de valor a respeito do que o autor mostra no texto.

Aplicação: é o momento mais importante do ato de ler, pois, se há compreensão, há assimilação e, portanto, as ideias, os conceitos poderão ser aplicados em situações semelhantes, ou para criar novas ideias.

Considerações Finais

Nós, aqui do GALILEU, estamos mergulhados de cabeça em processos que visam a melhoria contínua na gestão escolar, principalmente quando se fala em tecnologia. 

Assim, a vivência com o universo das escolas nos compele a seguir em frente na busca de mecanismos e ferramentas que possam contribuir no dia a dia do ambiente escolar, essencialmente no desenvolvimento da aprendizagem, seja de crianças, adolescentes ou adultos.

Pois, esse é o principal objetivo de uma escola, seja da Educação Infantil ou de uma universidade.

Cada tema tem a sua importância e precisa, sempre, de um olhar atento por parte dos governos, da sociedade e, por fim, das próprias escolas.

No caso da LEITURA, a concepção que temos é que, sem uma política estratégica de estado dificilmente o Brasil ocupará os primeiros lugares nos rankings da educação, entre as nações mais desenvolvidas.

No âmbito da escola, é premente que este tema figure nas prioridades de seu planejamento estratégico.

Tem que se pensar em políticas que visem o incentivo à LEITURA.

A tecnologia e o espaço digital não são suficientes para desenvolver as habilidades de que as crianças e jovens precisam para sua aprendizagem.  

Como as pesquisas demonstram, a leitura em papel traz um diferencial aos educandos e a escola tem uma missão desafiadora, de incentivar e encantar as nossas crianças e jovens para serem bons leitores.

Aí vai uma dica: a contação de história é uma excelente ferramenta para contagiar e despertar nas crianças o gosto pela leitura, é claro que não podemos desprezar o exemplo dos pais e familiares.

Contar história faz com que a criança penetre no mundo do faz de conta, viaje no tempo, pelos sonhos.

O ato de ler e escutar histórias facilita e enriquece o processo de alfabetização e colabora com todas as outras áreas do conhecimento.

Fanny Abramovich, escritora de literatura infantil e pedagoga, afirma que “é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas histórias. Escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor e ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão do mundo”.

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